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segunda-feira, 15 de novembro de 2010

DIECAST OR PLASTIC: We are Robots!

                                                 Reproduções de autómatos Karakuri

     Robot Lilliput (fabricante desconhecido) e reprodução Schylling, mecanismo de corda
       
    Eles são a personificação e o fruto de uma era de engenheiros, desenhadores e artesãos que criaram este fenómeno de cultura popular e que ajudaram a estabelecer definitavemente nos nossos dias o brinquedo não apenas como objectos só para crianças, mas sim uma nova forma de expressão e de arte. No Japão, a paixão por objectos com mecanismos é muito antiga, e as primeiras ligações ao mundo dos brinquedos datam do fim do século XIX com adaptações dos Karakuri, intrincadas figuras de madeira, celulóide e pasta de papel gessado, com mecanismo de relógio, que apareciam nos Kabuki e em festivais de dança e música. Estávamos no tempo em que o Japão tudo fazia para transformar um país feudal numa nação moderna, e tudo o que representava tecnologia tornava-se uma paixão.

    Mas foi só depois da WWII, quando o país do Sol Nascente ainda reconstruía as suas cidades, que os brinquedos se mostraram uma boa forma de fazer progredir a economia, já que tambêm os fabricantes de quase todo o mundo tinham convertido a sua produção para material de guerra. E os primeiros brinquedos escolhidos para este fim foram os brinquedos de chapa com mecanismos, primeiro por fricção, por corda ou por cordel, mais tarde a pilhas ou com comando por cabo. Das várias classes de brinquedos produzidas começaram a destacar-se os robôs (cujo primeiro a ser identificado é o Robot Lilliput de 1947?), personificações da tecnologia, amigos e ajudantes do homem, símbolos de uma nova era de paz e prosperidade. A primeira geração destes brinquedos era relativamente frágil e com um aspecto algo primitivo, onde era usado sobretudo material recuperado e reciclado da guerra como latas de comida e caixas de munições de alumínio, fácil de transformar e barato, e que devido á difilcudade de importação de outros materiais se tornou a solução mais adequada.

        Atomic Robot Man e protótipo (fabricante desconhecido), mecanismo de corda
 
  Na década de cinquenta (50’s), os robôs, naves e estações espaciais de chapa litografada eram vendidos por todo o mundo (representavam 60% do total de brinquedos exportados), com centenas de figuras, variações e cores diferentes, (dando asas á imaginação das crianças que sonhavam quase todas em vir a ser astronautas), e beneficiaram de várias evoluções, principalmente com a motorização (enquanto as pilhas já eram usadas em brinquedos mas apenas para funções de luz e som, os fabricantes Japoneses começaram a usá-las ligados a pequenos motores para articulação e locomoção). Como curiosidade, a propósito do segundo robô conhecido Atomic Robot Man, e que apareceu nos E.U.A. na New York Sci-Fi Convention de 1950, irónicamente a caixa mostrava a todos uma imagem do robô marchando no meio de uma cidade em ruínas e um cogumelo de bomba atómica como fundo...

                                Nomura, Space Explorer e Space Rocket com mecanismos de fricção
 
    Mas com o aparecimento de Godzilla e mais tarde de Ultraman, as crianças começaram a identificar-se com estes filmes e séries, e o mercado respondeu com a reprodução destes heróis e vilões, robôs e monstros mutantes (Kaiju), entretanto já moldados em vinyl, um polímero termoplástico aplicado em molde, barato, ideal para o fabrico em série das complicadas personagens que habitavam estas séries, nascia assim um novo mercado, o das figuras de vinyl e plástico (Sofubi) ligadas á animação.

                                      Bullmark, UFO Daipollon Header, chapa litografada e vinyl
 
    Este reino de vinyl durou até 1972, quando apareceu em cena Mazinger Z pela mão de Go Nagai, uma autêntica revolução, já que tudo até então se resumia a robôs (máquinas de metal “programadas” pelo homen, quando muito controladas remotamente através de uma “caixa” de comando, como em Tetsujin 28), e a animação de Mazinger Z era diferente... um piloto comandava o robô gigante como um tanque, incorporado no próprio robô, sentado num “cockpit” na sua cabeça, tinham aparecido os Mechas...

    Em Fevereiro de 1974, a Popy lançava aquele que foi o clássico da denominada “Chogokin Series”, um Mazinger Z moldado em metal sólido , pintado a fogo com técnica de cerâmica, dotado de sistemas de disparo “firing missiles” e com punhos “rocket punch”... com apenas 12 cm, era criado um novo patamar nesta indústria, a era dos “Die-Cast Robots”. Foi uma época incrivelmente fértil em séries e personagens, por exemplo só em 1977 mais de uma dúzia de séries TV tinham robôs gigantes e mechas, a maior parte inspirados em figuras samurai e elementos tradicionais. Fantásticas habilidades eram reproduzidas nos brinquedos, alguns com cerca de meio metro (Jumbo Machinder), com mecanismos de salto, de tiro, articulação e armamento diverso, tornando-os assim únicos e imaginativos, o que levou á competição entre fabricantes e ao desenvolvimento de novas tecnologias, transformações e combinações, mostrando o caminho ao complexo e fascinante mundo do brinquedo que temos hoje.

                                    Horikawa, Attacker e Excavator, funcionamento por pilhas
 
    Em 1980 duas séries, Gundam da Clover e Diaclone da Takara, (a que se seguiram Macross, Xabungle, Dunbine, Dougram e Votoms), mechas realistas que devido á sua complexidade e detalhe eram difíceis de retratar nos moldes existentes, levaram o mercado a apontar numa nova direcção, com a introdução em massa dos brinquedos de construção em plástico (kits), e ás verdadeiras peças de engenharia que são os robôs transformáveis...

    Foi de facto uma verdadeira Idade de Ouro, com mais de duas dezenas de empresas a competir, experimentar e fabricar novos produtos todos os meses, produzindo frequentemente versões dos mesmos personagens, mas em escalas, materiais e com acessórios diferentes, onde dominavam as versões de metal nos brinquedos de maior qualidade, tendo os fabricantes a preocupação de os produzir tambêm em materiais mais baratos como vinyl, pvc ou borracha.

    Tudo isto sem estudos de mercado, sem grupos de teste, sem desenho assistido por computador ou máquinas de modelagem 3-D, tudo concebido, realizado e montado manualmente, dando a estas peças uma estranha sensação de “diferença” quando comparadas com os brinquedos actuais, de facto são a sua assinatura...

                           Popy, Jumbo Machinder: Great Mazinger, Sun Vulcan e Tetsujin 28

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